domingo, 30 de março de 2008

Carma não é destino fixo

"Meditation", de Theresa Kennedy (clique na foto para ampliar). Em Angkor, Cambodia.
Carma é geralmente confundido com a noção de um destino fixo. Mas é mais como uma acumulação de tendências que podem nos travar em certos padrões de comportamento, que por si só resultam em mais acumulações de tendências de natureza similar. [...]

Ser um prisioneiro de carma antigo não é necessário. [...] Aqui está como o estado desperto muda o carma. Quando você medita, está tirando a permissão para que seus impulsos se transformem em ação. Nesse intervalo, pelo menos, você está apenas observando-os. Olhando para eles, você rapidamente vê que todos os impulsos na mente surgem e passam, que eles possuem sua própria vida, que não são você -- mas apenas pensamentos --, e que você não precisa ser comandado por eles. Não alimentando ou reagindo aos impulsos, você passa a compreender diretamente a natureza deles como pensamentos.

Esse processo realmente queima impulsos destrutivos nas chamas da concentração, equanimidade e não-ação. Ao mesmo tempo, insights e impulsos criadores não mais ficam tão espremidos pelos mais turbulentos e destrutivos. Eles são nutridos do modo como são percebidos, mantidos no estado desperto.
Jon Kabat-Zinn, em "Wherever You Go, There You Are".
Tricycle's Daily Dharma, 26 de abril, 2007.

Ilusão da raiva

Há um velho koan sobre um monge que foi até seu mestre e disse:
– Sou uma pessoa com muito raiva. Quero que você me ajude.
O mestre falou:
– Me mostre sua raiva.
O monge respondeu:
– Bem, no momento não estou nervoso. Não posso mostrá-la.
E o mestre:
– Então, obviamente, isso não é você, já que às vezes a raiva nem está aí.
Quem somos tem muitas faces, mas essas faces não são aquilo que somos.
Charlotte Joko Beck, em "Everyday Zen".
Tricycle's Daily Dharma: 8 de julho, 2007.

domingo, 16 de março de 2008

Mente inabalável

Estátua de Nagarjuna no Samye Ling, EscóciaEstátua de Nagarjuna no Samye Ling, Escócia
135
Aquilo que não é enganoso é a verdade
e não as maquinações da mente;
o que aos outros somente ajuda é a verdade;
o oposto é a falsidade -- uma vez que não presta ajuda.

136
Do mesmo modo que a caridade esplêndida
atenua as faltas dos reis,
a avareza destrói
todas as suas riquezas.

137
Na paz existe profundidade
da qual surge o maior respeito;
do respeito advêm poder e autoridade;
logo, observai a paz.

138
Da sabedoria resulta uma mente inabalável,
que não busca apoio em outras, firme
e não iludida; portanto,
ó Rei, empenhai-vos na sabedoria.
Nagarjuna, em "A Grinalda Preciosa".